sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Capitulo dois: sombras

 

A viajar nas asas da escuridão
Eu o condeno
A se deleitar com o sofrimento
Eu o condeno
Que todos os seus desejos
Sejam vis e cruéis
Que toda sua vida não natural
Seja transformar tudo aquilo que toca em poeira
E que você se nutra do réquiem que consola os mortos
A ti eu nego qualquer tipo de felicidade
A ti eu não dou o direito de amar
E que o perdão o placebo de toda alma lhe seja negado
Pois tu ó vil criatura
Pertence a mim
Lúcifer

No topo da estátua do cristo redentor eu olho a cidade em volta e tento sentir a minha presa.Em 325 anos de idade, nunca uma presa conseguiu fugir de mim com vida. Eu já enfrentei presas mais fracas, de igual porte, e também enfrentei seres mais poderosos, desde outros vampiros a harpias descritas na mitologia grega. Talvez eu seja atualmente o caçador mais competente do mundo. Talvez.
Eu paro ao topo da estátua e me concentro por um momento, e passo a perseguir o padrão de minha presa, meus sentidos super aguçados vasculham a cidade em busca de seu padrão respiratório, do cheiro do seu suor, das batidas de seu coração. Mas para a minha surpresa, a minha presa já esperava por um rastreio deste tipo e eu sinto a presença de Miquéias por toda a cidade, ele está em pelo menos 35 lugares diferentes, o velho Miquéias esta se mostrando uma raposa velha e felpuda. Bom, teremos que fazer isso do jeito antigo.

***

De frente a pintura do profeta gentileza perto a rodoviária eu olho para as marcas que um dia foram Alujah, a essência da anjo permeia todas as inscrições formando um símbolo profano que sussurra o nome do demônio que domina esta cidade, eu posso sentir a consciência da anjo ainda viva, sendo corrompida pela energia do selo, que é a sua própria usada de forma profana por aquela criatura. Eu esperava que Treblinka fosse derrotado na batalha da Baia de Guanabara, mas no fundo da minha alma eu sabia que isso não iria acontecer. Nos últimos séculos aquele demônio se tornou poderoso demais e agora ele tenta sua cartada final. O que será de nós? Ele vem recrutando um exército em todas as partes do mundo e concentrando aqui na cidade do Rio de Janeiro. Criaturas monstruosas que estão sob o seu controle. Ele tornará esta cidade inexpugnável, E nenhum anjo poderá invadir este local.
Ando em direção ao meu carro e de repente eu sinto uma presença me seguindo, não era como se fosse alguém atrás de mim, era um olhar sobrenatural, alguém que eu já conhecia, um vampiro, e por isso mesmo eu temi por minha vida. Era o vampiro mais perigoso que eu já conheci, ele se chamava Alexander o caçador. E ninguém até hoje lhe avia escapado, Ativo meu feitiço de proteção e foi neste instante que eu me dei conta, que se Alexander estava com eles, era a hora de fugir da cidade, eu precisava sair daqui o mais rápido possível, corri pela cidade como um louco e atravessei sinais vermelhos sem pestanejar. Depois de 25 minutos eu estava à frente a minha casa, uma casa grande no subúrbio de olaria, ordenei que a garagem se abrisse e as travas eletrônicas começaram a se mover, entrei com o carro e passei pela porta da frente em disparada. Silencio. Estava tudo muito silencioso, minha casa nunca fora silenciosa, entrei pela sala, um local amplo com cerca de 10 x 10, este era o local que eu usava para fazer meus rituais. E lá sentado em uma poltrona, estava Alexander, um ancião com o rosto de um garoto de 25 anos de idade, olhos azuis e cabelos loiros, vestia uma calça jeans e sapatos All Star azuis, uma blusa branca e jaqueta jeans.
- Como você me encontrou? Eu tomei precauções para que isso não acontecesse. - disse querendo ganhar tempo.
- Sim você tomou, realmente muito inteligente aquilo de fazer parecer que esta em dezenas de lugares diferentes. Só que você é um cara muito arrogante Miquéias, desde a época em que éramos jovens, você sempre confiou demais nas pessoas e sempre superestimou seus alunos - Disse isso apontando para o corpo morto de um garoto de no chão- Você ensinou o feitiço a este rapazinho aqui, e deixou que ele se virasse, não foi? Seu feitiço cometeu um único erro Miquéias, quando você o ativa, o deste rapaz automaticamente é ativado não é assim que funciona? Se não fosse isso eu não teria encontrado você com tanta facilidade.
- Ainda não compreendi Alexander - continuei.
- Me deixe ver se consigo explicar. Eu não sabia que você tinha um aluno, então eu não teria motivo pra rastrear este rapaz se ele não lançasse um feitiço concomitante ao seu. - disse Alexander olhando pro nada
- Mas ainda temos a questão de ele aparecer em dezenas de lugares diferentes - Disse
- Você deu uma olhada no feitiço do rapaz? - Perguntou ele rindo.
- Ele é competente, não havia por que supervisionar um feitiço que com certeza está aquém das capacidades deste rapaz - Conclui
- Hum, viu. Você superestima demais seus alunos. De fato o feitiço foi muito bem feito, a habilidade do garoto é impressionante, mas ele escolheu dezenas de lugares a esmo e vamos eu sei que você é inteligente, qual o único lugar em que um dos seus "corpos" estava se dirigindo e o garoto também estava?
- Aqui - disse percebendo o erro.
- Claro eu poderia ter eliminado você a caminho daqui, mas desta vez eu que lhe superestimei, achei que fosse uma armadilha. - Disse o rapaz rindo
- Não, você não me superestimou, você não me eliminou no caminho, por que você não queria fazer isso, você quer algo, por isso o garoto ainda está vivo. O que você quer Alexander? - disse.
- É por isso que eu gosto de você Miquéias, você é o homem mais inteligente que eu já conheci. Eu quero o pedaço que você tem da arca da aliança - Disse ao mago.
- Por que você quer isso Alexander, você ao menos conseguira tocá-lo. Ele destruiria você - Disse ao vampiro
- Não ache que eu sou tolo Miquéias, pois o artefato também mataria você se o tocasse, então você dará ele a mim, por que eu sei que você tem um modo de carregá-lo - o vampiro concluiu.
- Você sabe que este é um dos artefatos mais poderosos do universo Alexander, eu não o darei a você - Disse ao vampiro
- Miquéias, em nome da nossa antiga amizade, eu vou ignorar o que você disse, e vou lhe manter vivo, se você me der o artefato que eu necessito... Então o que vai ser? - disse
- Eu não posso dar uma coisa tão poderosa a um agente da morte Alexander, é minha responsabilidade como mago, eu não posso fazer isso - disse preparando o meu primeiro feitiço, sabendo automaticamente que a represália seria violentíssima.
- Não diga que eu não lhe dei escolha Miquéias - o Vampiro disse isso, sua voz foi tomando um aspecto gutural, seu olhos ágoras eram horrendas orbes negras e dentro de seus olhos, queimavam em horror a alma de milhares de seres humanos, um manto de sombras negras lhe cobriu o corpo, e as vestes mortais deram lugar a asquerosos tentáculos malignos, um capuz lhe cobriu a face e a negritude do esquecimento perpetuou o seu rosto, e a criatura falou com a voz de milhares de mortos em agonia
-Você foi quem escolheu desta forma Miquéias - Com estas palavras o monstro avançou a uma velocidade aterradora que olho mortal nenhum poderia acompanhar suas mãos eram como terríveis garras mortais que atacaram-me antes mesmo que eu pudesse pronunciar qualquer feitiço, contudo, esta era a minha casa, e aqui eu já deixei dezenas de feitiços de proteção meu corpo dilacerado pelas golpe mortal de Alexander se desfez em pó e ressurgiu na outra extremidade do quarto perto do corpo de meu aluno, com um aceno de mão, o ar envolta do corpo de Alexander começou a pegar fogo, e com outro meneio de mãos o prendi a parede que começava a arder com as chamar provenientes do ataque. De forma alguma isso o mataria mas o atrasaria para que eu pudesse lançar meu feitiço ergui as mãos pronunciei algumas palavras mágicas e um grande ciclone de ventos azuis nos teleportou para a uma região erma da cidade. Olhei para o meu aluno e ele estava sem muito sangue. Com outro movimento fiz o sangue dele se multiplicar e a ferida que havia em seu pescoço se fechar. Estava ficando muito fraco, eu estava lançando muitos feitiços. Precisava descansar. O rapaz acordou tossindo sangue negro. Provavelmente deixado pelo vampiro para o matar.
- Aonde estamos ? -disse o rapaz confuso
- Nós estamos no cais do porto, entraremos clandestinos em um navio e iremos embora - Disse a marcos, meu aluno
- E por quê? - Perguntou marcos
- Por que um vampiro muito velho quer nos matar e ele tem amigos poderosos - disse
- E o que ele quer conosco? Nós não temos nada - disse o aprendiz
- Ele quer um pedaço da arca da aliança que nos temos guardados - Disse
- Mas pra que? E por que estamos indo embora ele estava lá na casa!- disse
- Não está lá. - disse
- E onde está? - Perguntou
- Em um lugar seguro - Respondi
- E para aonde vamos? - Perguntou marcos novamente
- Não sei, todos os nossos esconderijos estão comprometidos, temos que abandonar todos eles - nisso dei de costas e comecei a sentir o local a procura de ameaças uma grande pontada atravessou meu pescoço, e foi como se minha vida passe-se diante de meus olhos, eu vi minha mãe morrer em meus braços por minha culpa, eu vi como eu matei meus alunos quando suspeitei que era satanistas, eu vi a morte da minha filha com 103 anos, quando ela me implorou pela juventude e eu não quis que ela entrasse neste mundo de medo e solidão e sem forças eu desfaleci. Virei de costas para o chão e olhei meu algoz, era marcos, que estava com a boca cheia de sangue, a saltavam-lhe dos lábios duas grandes presas, o seu rosto exibia uma risada maligna e com uma vontade demoníaca ele começou a gargalhar.
- Você realmente é muito arrogante Miquéias... Muito mesmo! - disse marcos com a voz idêntica a de Alexander, de repente sua aparência, foi sendo modificada, e ele virou o rapaz loiro de olhos azuis e jaqueta que se apresentou em meu quarto- Você sabe quem você acabou de queimar no seu quarto seu tolo? Seu aluno.
- Seu maldito vampiro dos infernos! Você nunca vai ter a sua peça, Nunca! - Disse cuspindo sangue.
- Ai é que você se engana, eu já sei onde ela está. Você me disse que estava fugindo, que não voltaria a nenhum dos seus esconderijos e que a peça estava em um lugar seguro, Ora se esta peça não em lugar nenhum, e você como uma pessoa tão inteligente não a confiaria a ninguém, ela só pode estar com você. Não estou certo? - disse o vampiro com um sorriso sarcástico, ele enrolou a manga da jaqueta e suas mãos viraram sombras profundas que ele lentamente colocou em meu peito, elas atravessaram a minha carne provocando extrema dor, e ele tirou do meu peito aquilo que desejava, ema lasca de madeira de três centímetros. Devido a dor tão intensa, tudo ficou negro.

***

Eu consegui aquilo que queria, deixei o corpo de Miquéias semi-morto no chão e entrei na sombra mais próximo, as trevas me levaram ate o meu destino, um galpão abandonado, lá estava a estátua de um monstro de quase cinco metros de altura, um grande demônio com chifres e asas de morcego. Assim que eu cheguei o ar ficou extremamente pesado e a estatua de pedra maciça abriu a boca e do seu interior sombrio foram pronunciadas palavras do demônio conhecido como Treblinka.
- você o trouxe até a mim meu servo? - disse o demônio
- Sim meu amo, aqui está o que o senhor deseja - disse demonstrando o pedaço de madeira rodeado por uma esfera de energia lilás
- Há meu servo, você é realmente o melhor de todos, será muito bem recompensado por isso - Disse e demônio e por força de magia o objeto voou de minha mão e entrou na boca do monstro. Então tudo voltou ao normal.

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