sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Capitulo dois: sombras

 

A viajar nas asas da escuridão
Eu o condeno
A se deleitar com o sofrimento
Eu o condeno
Que todos os seus desejos
Sejam vis e cruéis
Que toda sua vida não natural
Seja transformar tudo aquilo que toca em poeira
E que você se nutra do réquiem que consola os mortos
A ti eu nego qualquer tipo de felicidade
A ti eu não dou o direito de amar
E que o perdão o placebo de toda alma lhe seja negado
Pois tu ó vil criatura
Pertence a mim
Lúcifer

No topo da estátua do cristo redentor eu olho a cidade em volta e tento sentir a minha presa.Em 325 anos de idade, nunca uma presa conseguiu fugir de mim com vida. Eu já enfrentei presas mais fracas, de igual porte, e também enfrentei seres mais poderosos, desde outros vampiros a harpias descritas na mitologia grega. Talvez eu seja atualmente o caçador mais competente do mundo. Talvez.
Eu paro ao topo da estátua e me concentro por um momento, e passo a perseguir o padrão de minha presa, meus sentidos super aguçados vasculham a cidade em busca de seu padrão respiratório, do cheiro do seu suor, das batidas de seu coração. Mas para a minha surpresa, a minha presa já esperava por um rastreio deste tipo e eu sinto a presença de Miquéias por toda a cidade, ele está em pelo menos 35 lugares diferentes, o velho Miquéias esta se mostrando uma raposa velha e felpuda. Bom, teremos que fazer isso do jeito antigo.

***

De frente a pintura do profeta gentileza perto a rodoviária eu olho para as marcas que um dia foram Alujah, a essência da anjo permeia todas as inscrições formando um símbolo profano que sussurra o nome do demônio que domina esta cidade, eu posso sentir a consciência da anjo ainda viva, sendo corrompida pela energia do selo, que é a sua própria usada de forma profana por aquela criatura. Eu esperava que Treblinka fosse derrotado na batalha da Baia de Guanabara, mas no fundo da minha alma eu sabia que isso não iria acontecer. Nos últimos séculos aquele demônio se tornou poderoso demais e agora ele tenta sua cartada final. O que será de nós? Ele vem recrutando um exército em todas as partes do mundo e concentrando aqui na cidade do Rio de Janeiro. Criaturas monstruosas que estão sob o seu controle. Ele tornará esta cidade inexpugnável, E nenhum anjo poderá invadir este local.
Ando em direção ao meu carro e de repente eu sinto uma presença me seguindo, não era como se fosse alguém atrás de mim, era um olhar sobrenatural, alguém que eu já conhecia, um vampiro, e por isso mesmo eu temi por minha vida. Era o vampiro mais perigoso que eu já conheci, ele se chamava Alexander o caçador. E ninguém até hoje lhe avia escapado, Ativo meu feitiço de proteção e foi neste instante que eu me dei conta, que se Alexander estava com eles, era a hora de fugir da cidade, eu precisava sair daqui o mais rápido possível, corri pela cidade como um louco e atravessei sinais vermelhos sem pestanejar. Depois de 25 minutos eu estava à frente a minha casa, uma casa grande no subúrbio de olaria, ordenei que a garagem se abrisse e as travas eletrônicas começaram a se mover, entrei com o carro e passei pela porta da frente em disparada. Silencio. Estava tudo muito silencioso, minha casa nunca fora silenciosa, entrei pela sala, um local amplo com cerca de 10 x 10, este era o local que eu usava para fazer meus rituais. E lá sentado em uma poltrona, estava Alexander, um ancião com o rosto de um garoto de 25 anos de idade, olhos azuis e cabelos loiros, vestia uma calça jeans e sapatos All Star azuis, uma blusa branca e jaqueta jeans.
- Como você me encontrou? Eu tomei precauções para que isso não acontecesse. - disse querendo ganhar tempo.
- Sim você tomou, realmente muito inteligente aquilo de fazer parecer que esta em dezenas de lugares diferentes. Só que você é um cara muito arrogante Miquéias, desde a época em que éramos jovens, você sempre confiou demais nas pessoas e sempre superestimou seus alunos - Disse isso apontando para o corpo morto de um garoto de no chão- Você ensinou o feitiço a este rapazinho aqui, e deixou que ele se virasse, não foi? Seu feitiço cometeu um único erro Miquéias, quando você o ativa, o deste rapaz automaticamente é ativado não é assim que funciona? Se não fosse isso eu não teria encontrado você com tanta facilidade.
- Ainda não compreendi Alexander - continuei.
- Me deixe ver se consigo explicar. Eu não sabia que você tinha um aluno, então eu não teria motivo pra rastrear este rapaz se ele não lançasse um feitiço concomitante ao seu. - disse Alexander olhando pro nada
- Mas ainda temos a questão de ele aparecer em dezenas de lugares diferentes - Disse
- Você deu uma olhada no feitiço do rapaz? - Perguntou ele rindo.
- Ele é competente, não havia por que supervisionar um feitiço que com certeza está aquém das capacidades deste rapaz - Conclui
- Hum, viu. Você superestima demais seus alunos. De fato o feitiço foi muito bem feito, a habilidade do garoto é impressionante, mas ele escolheu dezenas de lugares a esmo e vamos eu sei que você é inteligente, qual o único lugar em que um dos seus "corpos" estava se dirigindo e o garoto também estava?
- Aqui - disse percebendo o erro.
- Claro eu poderia ter eliminado você a caminho daqui, mas desta vez eu que lhe superestimei, achei que fosse uma armadilha. - Disse o rapaz rindo
- Não, você não me superestimou, você não me eliminou no caminho, por que você não queria fazer isso, você quer algo, por isso o garoto ainda está vivo. O que você quer Alexander? - disse.
- É por isso que eu gosto de você Miquéias, você é o homem mais inteligente que eu já conheci. Eu quero o pedaço que você tem da arca da aliança - Disse ao mago.
- Por que você quer isso Alexander, você ao menos conseguira tocá-lo. Ele destruiria você - Disse ao vampiro
- Não ache que eu sou tolo Miquéias, pois o artefato também mataria você se o tocasse, então você dará ele a mim, por que eu sei que você tem um modo de carregá-lo - o vampiro concluiu.
- Você sabe que este é um dos artefatos mais poderosos do universo Alexander, eu não o darei a você - Disse ao vampiro
- Miquéias, em nome da nossa antiga amizade, eu vou ignorar o que você disse, e vou lhe manter vivo, se você me der o artefato que eu necessito... Então o que vai ser? - disse
- Eu não posso dar uma coisa tão poderosa a um agente da morte Alexander, é minha responsabilidade como mago, eu não posso fazer isso - disse preparando o meu primeiro feitiço, sabendo automaticamente que a represália seria violentíssima.
- Não diga que eu não lhe dei escolha Miquéias - o Vampiro disse isso, sua voz foi tomando um aspecto gutural, seu olhos ágoras eram horrendas orbes negras e dentro de seus olhos, queimavam em horror a alma de milhares de seres humanos, um manto de sombras negras lhe cobriu o corpo, e as vestes mortais deram lugar a asquerosos tentáculos malignos, um capuz lhe cobriu a face e a negritude do esquecimento perpetuou o seu rosto, e a criatura falou com a voz de milhares de mortos em agonia
-Você foi quem escolheu desta forma Miquéias - Com estas palavras o monstro avançou a uma velocidade aterradora que olho mortal nenhum poderia acompanhar suas mãos eram como terríveis garras mortais que atacaram-me antes mesmo que eu pudesse pronunciar qualquer feitiço, contudo, esta era a minha casa, e aqui eu já deixei dezenas de feitiços de proteção meu corpo dilacerado pelas golpe mortal de Alexander se desfez em pó e ressurgiu na outra extremidade do quarto perto do corpo de meu aluno, com um aceno de mão, o ar envolta do corpo de Alexander começou a pegar fogo, e com outro meneio de mãos o prendi a parede que começava a arder com as chamar provenientes do ataque. De forma alguma isso o mataria mas o atrasaria para que eu pudesse lançar meu feitiço ergui as mãos pronunciei algumas palavras mágicas e um grande ciclone de ventos azuis nos teleportou para a uma região erma da cidade. Olhei para o meu aluno e ele estava sem muito sangue. Com outro movimento fiz o sangue dele se multiplicar e a ferida que havia em seu pescoço se fechar. Estava ficando muito fraco, eu estava lançando muitos feitiços. Precisava descansar. O rapaz acordou tossindo sangue negro. Provavelmente deixado pelo vampiro para o matar.
- Aonde estamos ? -disse o rapaz confuso
- Nós estamos no cais do porto, entraremos clandestinos em um navio e iremos embora - Disse a marcos, meu aluno
- E por quê? - Perguntou marcos
- Por que um vampiro muito velho quer nos matar e ele tem amigos poderosos - disse
- E o que ele quer conosco? Nós não temos nada - disse o aprendiz
- Ele quer um pedaço da arca da aliança que nos temos guardados - Disse
- Mas pra que? E por que estamos indo embora ele estava lá na casa!- disse
- Não está lá. - disse
- E onde está? - Perguntou
- Em um lugar seguro - Respondi
- E para aonde vamos? - Perguntou marcos novamente
- Não sei, todos os nossos esconderijos estão comprometidos, temos que abandonar todos eles - nisso dei de costas e comecei a sentir o local a procura de ameaças uma grande pontada atravessou meu pescoço, e foi como se minha vida passe-se diante de meus olhos, eu vi minha mãe morrer em meus braços por minha culpa, eu vi como eu matei meus alunos quando suspeitei que era satanistas, eu vi a morte da minha filha com 103 anos, quando ela me implorou pela juventude e eu não quis que ela entrasse neste mundo de medo e solidão e sem forças eu desfaleci. Virei de costas para o chão e olhei meu algoz, era marcos, que estava com a boca cheia de sangue, a saltavam-lhe dos lábios duas grandes presas, o seu rosto exibia uma risada maligna e com uma vontade demoníaca ele começou a gargalhar.
- Você realmente é muito arrogante Miquéias... Muito mesmo! - disse marcos com a voz idêntica a de Alexander, de repente sua aparência, foi sendo modificada, e ele virou o rapaz loiro de olhos azuis e jaqueta que se apresentou em meu quarto- Você sabe quem você acabou de queimar no seu quarto seu tolo? Seu aluno.
- Seu maldito vampiro dos infernos! Você nunca vai ter a sua peça, Nunca! - Disse cuspindo sangue.
- Ai é que você se engana, eu já sei onde ela está. Você me disse que estava fugindo, que não voltaria a nenhum dos seus esconderijos e que a peça estava em um lugar seguro, Ora se esta peça não em lugar nenhum, e você como uma pessoa tão inteligente não a confiaria a ninguém, ela só pode estar com você. Não estou certo? - disse o vampiro com um sorriso sarcástico, ele enrolou a manga da jaqueta e suas mãos viraram sombras profundas que ele lentamente colocou em meu peito, elas atravessaram a minha carne provocando extrema dor, e ele tirou do meu peito aquilo que desejava, ema lasca de madeira de três centímetros. Devido a dor tão intensa, tudo ficou negro.

***

Eu consegui aquilo que queria, deixei o corpo de Miquéias semi-morto no chão e entrei na sombra mais próximo, as trevas me levaram ate o meu destino, um galpão abandonado, lá estava a estátua de um monstro de quase cinco metros de altura, um grande demônio com chifres e asas de morcego. Assim que eu cheguei o ar ficou extremamente pesado e a estatua de pedra maciça abriu a boca e do seu interior sombrio foram pronunciadas palavras do demônio conhecido como Treblinka.
- você o trouxe até a mim meu servo? - disse o demônio
- Sim meu amo, aqui está o que o senhor deseja - disse demonstrando o pedaço de madeira rodeado por uma esfera de energia lilás
- Há meu servo, você é realmente o melhor de todos, será muito bem recompensado por isso - Disse e demônio e por força de magia o objeto voou de minha mão e entrou na boca do monstro. Então tudo voltou ao normal.

Capitulo 1: Fatalismo

 

Na Alvorada do primeiro amanhecer uma força tomada de dor e escuridão resolveu destruir os planos do criador, a esta força os homens a apelidaram de destino. Nós os anjos a conhecemos por outro nome: Á Estrela da Manhã"

A cidade do Rio de Janeiro, A cidade maravilhosa, a pérola incrustada na Baía de Guanabara. Nunca pensei que seria aqui meu reencontro com aquele que um dia amei, nunca pensei que depois de todos esses milênios, incontáveis anos, que antecediam a memória da humanidade seria aqui o nosso ultimo encontro, aqui eu sepultaria minhas ultimas esperanças, minha vida, minha esperança de viver. Hoje eu mando meu amor de volta ao inferno e em sua esteira a minha felicidade.

Em umas das ruas do recreio dos bandeirantes, um dos bairros mais abastados da cidade, eu olho o lugar onde será meu ultimo encontro com tal criatura, a mansão, monumental para os padrões da cidade, possuía mais de 5 mil metros quadrados, com dois seguranças à porta, um caminho de pedras amarelas que levava até a porta e garagem. Sempre apreciei seu senso de humor Nathanael.

Oculta nas sombras da mente, ultrapassei os portões como se fosse um fantasma aos guardas que faziam a proteção do perímetro. Eles nada viram quando venci os portões de ferro como se eles não existissem, e comecei minha caminhada na estrada de tijolos amarelos. Será que ele pensa que é a bruxa má do oeste? Seria engraçado o ver desta forma.

Quando chego á porta eu vejo que a mesma esta trancada mística e mundanamente, uma runa espectral se fazia visível á maçaneta da porta. Está espécie de feitiço dificilmente pode ser quebrado, é necessário uma enorme energia para destruí-lo, o melhor a se fazer é procurar outra entrada ou tentar desvendar a palavra que abre a porta. Rodeei a casa atrás de uma outra entrada mas todas as janelas e entradas possuíam a mesma runa, Realmente não havia outro jeito, eu teria que descobrir o pequeno mistério.

Olhei a runa e reconheci o que a mesma dizia "Da rosa dos ventos qual o meu preferido?" Realmente eu não fazia a menor idéia de qual era a sua predileção, olhei a minha volta e vi no topo da porta um pequeno boneco de Elphaba a bruxa má do oeste. Então tudo ficou claro, virei-me para o maçaneta e disse: Zéfiro .

A maçaneta chiou como um bule e depois emitiu o som da porta se abrindo, o que tornava tudo curioso demais, pois se uma pessoa tivesse a chave mundana não conseguiria entrar na casa. Será que meu alvo me esperá? Quem será o algoz nesta história? Céu ou Inferno? Adentrei a porta principal e vi uma grande escada de com degraus de madeira, que subia ate o segundo andar, a sala no qual adentrei possui um grande sofá com uma televisão ponta de linha, duas portas a direita e uma a esquerda, mas a cada sombra, a cada fresta existia uma negritude alem do normal, como se a casa se alimentasse da luz emanada pelas lâmpadas, cheguei mais perto de uma grande sombra que estava localizada abaixo da escada e era negra como o medo, tão desesperador quanto os segundos que antecedem a morte, tão terrível quanto abismo, aproximei o rosto e foi então que eu ouvi, o choro de uma criança, tão fraco quanto o sussurro, o coro de vozes rezando a deus, um homem implorando pela vida, estiquei meu dedo e toquei aquela maça disforme de sombras e foi como um soco em minha face, dezenas de mortos no chão, centenas de vitimas em desespero, uma boca em um sorriso sádico ria descontroladamente. Dei dois passos atrás cambaleantes e olhei a minha volta, nada de estranho somente aquela escuridão sinistra que continuava a emanar seu réquiem de desespero morte e sangue.
Foi então que resolvi subir a escada e andei por um longe corredor, onde as sombras ficavam cada vez mais fortes, nesse caminho, eu nem precisava me concentrar nas sombras para ouvir, choros desesperados e risos eufóricos, aonde há morte e desespero sempre há quem sinta satisfação e alimente seus desejos mais sombrios, cheguei a porta de onde a emanação era mais forte, quase sufocante, nela havia outra runa idêntica a aquela que eu vi na porta de entrada, disse a palavra-passe e a porta chiou novamente e se abriu magicamente, dentro do aposento eu via um grande salão, o chão de mogno liso, ao lado direito um grande retrato de uma mulher segurando uma lança e perfurando o coração de um homem que estava ajoelhado pedindo-lhe a mão em casamento, no meio da lança havia uma aliança multicolor como um arco-íris ao redor anjos lutavam no calor ardente a uma batalha; a mulher projetava uma sombra sem as asas de anjo e o homem projetava a sombra de um grande demônio.

Eu reconhecia os dois membros da peça, o homem a direita era Natanael e a mulher a esquerda sou eu Alujah, uma anjo guerreira. E isso aconteceu a muito, muito, muito tempo. Pelos traços foi o próprio Natanael quem pintou esse quadro.
Continuei a olhar a esquerda e vi que ali jazia uma mulher em um grande sofá,nua e belíssima, continuei meu olhar e ao fundo em uma pequena plataforma estavam grandes janelas com imensas cortinas, e um homem ao piano, o homem, o ser mais belo que eu já vira em toda a minha existência de bilhões de anos, tocava alheio a minha entrada, as janelas entreabertas faziam as cortinas balançaram com os ventos noturnos, e o homem continuava a sua melodia, que tinha acordes tão suaves como a brisa marinha, ao termino da mesma ele se levantou olhou para mim, com lindos olhos verdes, mais profundos que qualquer abismo e sorriu, sua face tão bela amoleceria qualquer mortal e muitos imortais, mais eu estava imune a este feitiço a muito tempo. Ele quase me levara a ruína muitos milênio atrás. O homem caminhou elegantemente a minha direção, vestia uma calça social preta com sapatos também negros e uma blusa azul escura com detalhes em prata, seus cabelos negros encaracolados davam-lhe um ar poético,desprendido, distraído meio aluado, ate que ele falou numa voz que fariam as pedras verterem lágrimas.
- Quanto tempo que não nos vemos alujah, não esperava uma visita tão repentina, desculpe, mas eu não preparei nada para você. - disse o homem caminhando em direção ao quadro onde bem abaixo existia um pequeno bar com uma quantidade razoável de bebidas - aceita um drink? - Concluiu com um sorriso.
- Você sabe que eu não usufruo de prazeres carnais, você mais do que ninguém deveria saber disso - disse sem alterar a expressão facial
- Há claro, como eu poderia me esquecer -disse isso virando e encarando o quadro que estava bem acima da sua cabeça- É algo bem duro pra se esquecer, depois de nós termos caminhado por bilhões de anos juntos, você me rejeitou, me traiu como se eu não fosse sequer importante. - disse com um rosto cheio de amargura
- Você se esquece dos horrores que você queria perpetrar, governar homens como se fosse um deles, engravidar mortais, trazer a luz essas aberrações que vocês chamam de filhos- disse agora com o rosto um pouco carrancudo- você se auto intitulou um deus e passou a governar os homens a seu bel prazer. Você não é um deus Natanael, você não pode governar os homens, você não é nada alem de um demônio. - Concluiu Alujah.
- Como se você fosse muito melhor do que eu, se escondendo atrás das ordens do todo poderoso e vendo os homens se matarem uns aos outros sem fazer nada, isso não é ser obediente Alujah, eu chamo isso de covardia, você amava os homens tanto quanto eu e não moveu uma única palha pra protegê-los deles mesmos quando eles mais precisaram, você simplesmente não fez nada. Podia ter feito muita coisa, mas você não fez nada Alujah - disse Natanael visivelmente perturbado.
- Eram as ordens do criador Natanael, não devíamos intervir - disse.
- Você amava Abel tanto quanto eu alujah, e quando Caim o assassinou bem em frente a nossos olhos e que você fez? NADA! Foi isso que você fez, você não fez nada, quando eu tentei impedir o assassinato e Miguel me deteve você simplesmente não fez NADA! Você é uma tremenda hipócrita, jamais admitirá isso mais você não passa de uma hipócrita- Disse Natanael.
- Eu fiz aquilo que fui criada para fazer Natanael, eu lutei contra os meus extintos que eram tão fortes quanto os seus de proteger o puro e permaneci obediente- disse já perdendo a paciência- e olha o que você fez agora Natanael, eu consigo sentir a sua semente maligna dentro daquela mulher - você pretende trazer à vida a desolação
-Não! Eu vou trazer um líder forte que vai elevar os mortais a algo além do esperado, eles vão se tornar maiores que nós Alujah, não é a preservação da humanidade que você pretende e sim a preservação da superioridade de sua espécie. Eu elevarei os homens acima dos anjos, e é por isso que Miguel mandou você até a mim, ele mais do que ninguém quer que os homens permaneçam onde estão, mas os mortais o superarão alujah e isso você nada pode impedir - com um maneio de mãos de Natanael e o chão ondulou e ar tomou um cheiro da água o teto refletia os céus, os vento sacudia seus cabelos e o faziam ainda mais belo e nos pisávamos sobre as águas do mar - Olhe para aquela cidade -disse Natanael apontando para a direita e lá estava a cidade do Rio de Janeiro, linda, maravilhosa, os braços do cristo sobre a cidade, os prédio iluminados era um show de imagens e tudo parecia tão belo. - fique comigo alujah e nós juntos seremos muito mais do que já fomos, vamos ser mais do que deuses, nos seremos heróis alujah, nos traremos o bem a humanidade, nos faremos deles saudáveis, inteligentes e divinos- ele se agachou sobre as águas da baia da Guanabara e fez um circulo na água do mar com a ponta dos dedos e as águas mostraram épocas em que nós amávamos e não havia nada para nos afastar, em uma mistura intensa de cenas que alternavam em passado presente e futuro as águas mostravam-nos juntos e trazendo maravilhas a humanidade, a raça que juramos determinados a proteger - Por favor, Alujah, não me abandone mais uma vez, venha comigo, acredite em mim e farei com que os homens lembrem que fomos nos que desafiamos os céus e os tornamos mais fortes, desafiamos os céus para fazer a vontade do criador- dizia Natanael em profunda tristeza.
- Eu acreditaria em você Natanael se não fosse por isso- agachei-me e toquei a sua mão e de repente as águas tomaram a forma de um grande espelho nos refletindo mesmo à noite e lentamente o rosto mais belo do universo foi se transformando em uma criatura com o rosto flamejante chifres pontiagudos e asas de morcego, as suas mãos eram como garras e sua pele como o magma do centro da terra.
- Mais uma vez você me decepciona Alujah - disse o anjo e lagrimas escorriam pela sua face, lagrimas que quando tocavam o mar produziam um borbulhar intenso nas águas da baía de Guanabara e levantavam uma grande neblina, os ventos começaram a esbravejar e nuvens surgiram aos céus, raios e trovões tomaram a paisagem.
- Ainda a tempo de desistir Natanael, você pode voltar para o nosso lado, você é um guerreiro valoroso - disse ao meu antigo amado
- Tem algo que eu não disse a você Alujah, Eu não me chamo mais Natanael, esse ser morreu junto com a lança que perfurou seu coração. Agora eu me chamo TREBLINKA!!!- E com a voz de um poderoso trovão o mais belo tornou-se uma terrível criatura de quase quatro metros de altura com dentes e garras mortais, com igual vigor eu libertei meu semblante celestial, e um par de asas de raio caiu dos céus e ergueu-se em minhas costas, meus olhos brilhavam como astros em céu escuro e meus cabelos ficaram bancos como a neve ergui minhas mãos aos céus e um raio caiu sobre ele, era minha espada, raio de luz, como a chamavam.
- Huahuahuahauhua!!! Há quanto tempo que eu não a via desse modo alujah!!! - e seus dedos se alongaram como chicotes de fogo.
Preparamos nossos ataques, curvamos nossos joelhos e demos o impulso inicial, a velocidade foi tamanha que produzimos enormes ondas com nossos pés, quando nossas armas se chocaram uma grande tempestade teve inicio e desta batalha... Nesta batalha é que começaria o Armageddon.

***

- Mestre, eu sinto que esta tempestade não é natural, o que será que esta acontecendo- disse um mais jovem dos dois homens.
- O fim dos tempos teve inicio meu jovem, Treblinka e alujah estão em combate na Bahia de Guanabara - disse o mais velho
- Mais eu não vejo nada amo. - disse o mais jovem
- é uma batalha que ocorre no mundo espiritual e somente os anjos e demônios podem enxergar - disse o mais velho
- E como o senhor sabe?- disse o mais novo desconfiado
- O vento, a brisa do mar, os raios, os trovões e as nuvens tudo isso nos diz o que acontece alem dos nossos olhos, um mago atento pode entender muito mais do que acontece com seus olhos se saber olhar "quem tem olhos para ver, que veja" - disse o mais velho

***

A batalha já se alongara por alguns minutos, e os dois combatentes estavam em pé de igualdade. Treblinka era forte e poderoso e Alujah rápida e precisa.
-Não adianta resistir celestial, sua morte esta fadada, seu destino já foi decidido- disse Treblinka de modo frenético
-Você fala demais Natanael!- Disse alujah
-É TREBLINKA!!!!- disse o demônio girando seu chicote e acertando a celestial em cheio, ao toque do chicote a carne celestial queimou profundamente e memórias de vidas sendo ceifadas em campos de extermínio percorreram a mente da celestial, impetuoso o demônio continuou seu movimento e arremessou a celestial com uma tremenda velocidade à superfície da água, a violência do impacto foi tremenda, a celestial sentiu algumas das costelas se partirem com o choque.
- Tolo - Debaixo d'água a celestial elevou seu poder ao Maximo e suas asas tomaram o tamanho de dezenas de metros e uma tremenda onda de raios trespassou o corpo do monstro através de seu chicote, mesmo ferido o demônio levantou a celeste retirando-a das águas
- O povo lá no Rio de Janeiro não vai acreditar quando eu disser que pesquei uma piranha com asas! - Dizia o demônio sarcástico
Com a raio de luz acertei o chicote do demônio e o parti ao meio, corri em investida para o meu carrasco e acertei seu estomago em cheio. Mas mesmo tendo levado tão poderosos golpes ele me acertou com outros cinco chicotes que estavam em sua outra mão. Com tamanho poder minha carne fritou e meu golpe vacilou, no momento seguinte ele subiu em cima de mim e suas mãos não eram mais chicotes e sim garras e elas cortavam a minha cara lentamente, o demônio ria intensamente e se divertia com a perversidade digna dos demônios mais cruéis. Tentei reagir, soquei o rosto do demônio com toda a minha força e despejei uma enorme carga de raios quando o fazia, mas a criatura simplesmente riu e continuou sua obra de arte, meu rosto estava completamente inchado, coberto de sangue, desfigurado quando ele me elevou acima da cabeça virou-me de costas e tocou as minhas asas que eram como raios.
- BEM ME QUER!!!- disse ele quando arrancou uma das minhas asas, a dor foi excruciante, eu jamais tinha sentido nada igual- MAL ME QUER!!!!- disse ele quando terminou de arrancar a segunda asa, e passou a me arrastar sobre as águas, e a paisagem novamente se distorceu e nos estávamos de novo no quarto luxuoso na mansão do recreio, e ele caminhava em direção a mulher e nossos corpos se transmutaram em nossas carcaças mortais.
- Sabe, para que seja possível engravidar uma mortal, é necessário que uma vida morra, é necessário que um ser de grande luz morra para que seja possível o ato, nos podemos simplesmente dar a vida a mortos vivos, zumbis e coisas do gênero e quem determinou isso foi exatamente a pessoa que a enviou aqui, querida, Miguel quando viu que procriávamos com os mortais lançou esta maldição no cosmos usando um pouco da essência de lúcifer que ele desenterrou de uma estrela. Agora você pode pensar, quem é que está certo ou errado, pelo menos você servirá para um propósito, o filho que você me negou, agora a base de sua energia me será cedido - disse o monstro, elevando meu corpo para o alto, com extrema facilidade e com um movimento de mãos eu vi minha essência gritar, cada molécula do meu corpo estava morrendo, e eu não sabia mais a onde estava, duas grandes bolas de energia saíram de meu abdome e ele jogou meu corpo enfraquecido para o lado, minha visão embaçava e ele dizia.
- Você é um dos anjos mais poderosos que eu já conheci Alujah, e olha que eu conheci muitos, não é qualquer anjo que possui energia para dar luz a um iluminado e ainda sobrar mais da metade, mas eu tenho grandes planos para nos querida, belíssimos planos. - disse ele passando os dedos em meus rosto, minha visão completamente embaçada estava começando a rodopiar e ao sabor de seus lábios eu desfaleci.

sábado, 30 de abril de 2011

Espelho: prólogo

Prólogo:
E quando você olhar no espelho e vir somente dor e solidão e o desespero tomar conta de sua mente... Então, este será só o começo.


Eu ainda me lembro de como eram agradáveis aqueles dias, quando a minha maior preocupação era como conseguir arranjar dinheiro pro próximo mês. Aqueles dias eram felizes e eu me preocupava tanto. Era tão fácil, tão simples e eu não sabia, como eu pude ser tão tolo? Hoje minha vida gira em torno de medo, mentiras e morte. Como eu pude cair tanto?

Ajeito a gola da minha camisa, apesar da cidade do Rio de Janeiro ser conhecida por ser muito quente, hoje é um dia frio. Muito frio pra minha cidade, fazem 13º graus Celsius lá fora e é um dos dias mais frios que esta cidade já viu. Não seria algo completamente estranho se não fosse verão e ontem tivesse feito um calor de 42º. Os noticiários estão perplexos, os homens do tempo mal sabem o que falar na televisão, mas eu sei o que esta acontecendo. Ele está aqui, e está me chamando. O frio tem o cheiro dele, eu o sinto dentro de mim, gritando pelo meu nome, e eu vou responder ao seu chamado.

Saio da minha casa, pego o meu carro e vou seguindo aquele horror. É como se a cidade inteira cheirasse a ele, chego ate um depósito perto da Avenida Presidente Vargas onde a entrada está convenientemente entreaberta, passei pelo portal que mudaria a minha vida por completo e jogaria minhas esperanças para o fundo do rio mais profundo. Passo pela porta inicial e o frio se intensifica, eu posso sentir as baforadas de ar saindo a minha boca. O lugar era amplo, completamente vazio e sombrio, havia uma grande entrada principal, o chão era de terra com bastante mato crescendo, as luzes piscavam com freqüência, como se tentassem se manter sua dignidade diante da escuridão da criatura.No fundo, envolto em sombras estava o meu objetivo, o cabelos cacheados até o pescoço, a pele branca como a neve, os lábios tão ingênuos, e os olhos frios, vazios, como se já não houvesse nada a se lembrar, além de sua sede, sua dor, e sua morte.

È este monstro que eu vim enfrentar, é este monstro que eu procuro a 12 anos, é este monstro que eu tenho horror em ter de matar. Não importa o resultado desta noite, não importa quem ganhe ou perca, esta noite eu sairei derrotado. Hoje eu vou matar uma parte de mim.

- Você ouviu o meu chamado papai- dizia o monstro com uma voz infantil encolhida no canto e se balançando para frente e para trás- existem monstros atrás de nós, existem coisas que querem nos matar, Você veio proteger a sua filhinha papai? - dizia o monstro com a voz de uma criança de 12 anos como aparentava a mesma quantidade de tempo.
- Você Sabe o por que da minha vinda - eu disse com a voz embargada
- ha então você veio tentar fazer aquilo que não conseguiu fazer a doze anos atrás, aquilo que devia ter feito quando teve a oportunidade - disse a garota
- Na época eu achava que você podia ser curada, na época eu achava que você era a minha filha - Eu disse
- Há, mas eu só me transformei neste monstro por que você não pode me proteger papai, eu estava lá sozinha, sem ninguém para me ajudar, de frente a aquele horror- falou a criança com uma voz chorosa, quase um sussurro- E AGORA OHA O QUE EU ME TORNEI!!!- era como se todas as vitimas que ela fez, nestes doze anos estivessem berrando em horror ao mesmo tempo, centenas, talvez milhares de vozes gritando em horror e agonia, coloco as mãos sobre os ouvidos, aturdido com aquela voz horripilante, este foi o meu erro, pois neste momento, a criatura pulou com uma ferocidade para cima de mim, que eu mal pude acompanhar, mais de 10 metros sem nenhum esforço, suas mãos de criança apertando o meu pescoço como grilhões de ferro, me empurrando como se eu fosse um brinquedo, a pressão do salto foi tão grande que o golpe me levou ate a parede oposta, estourando os tijolos que me seguraram, a poeira subiu para todos os lados e quando ela achou que ia me derrotar com um único golpe, eu mostrei que também aprendi alguns truques nesse tempo, dei um chute em seu pequeno estomago que eu acredito ter doido mais em mim do que qualquer outra coisa, a pequena criatura foi arremessada a pelo menos 5 metros de distancia e rodopiou no ar para cair de pé.
- olha só o que o caçador aprendeu neste tempo, isso não vai salvar você papai- disse o monstro com a voz assustadora novamente.
Aproveitei a distração da poeira para da um salto e me sair da frente do monstro enquanto ele rodopiava no ar. O monstro jogou seu hálito de morte em meio à poeira e a parede, ressecou e abriu-se um enorme rombo nela. Num segundo eu havia dado um salto e já estava novamente indo em direção ao monstro para golpeá-lo mas o mesmo percebeu os meus movimentos e se esquivou dele com uma agilidade impressionante. Aquilo não podia ser minha filha, aquele monstro não podia ser a vida que eu gerei, aquele corpo morto não pode ser a criança alegre e cheia de vida que há anos eu cuidei. Eu não devia ter pena, eu não devia me sentir culpado, eu não devia hesitar como eu estou hesitando. Retiro a minha faca do casaco e tento acertar o monstro mas novamente ele se esquiva com facilidade, mas neste instante eu percebo o medo em seus olhos, aqueles olhos que era completamente vazios, agora estão cheios de terror, do mais absoluto terror.

Ela avança como um demônio e consegue me acertar com as garras em meu estomago, realmente, agora ela não estava mais de brincadeira, agora ela ia usar todo seu poder amaldiçoado para me matar. Dou um salto para trás e recuo uns 10 metros, aquele corte foi profundo e eu estou sangrando muito, tudo se embaça, e minha visão começa a mudar, eu me lembro da minha filha correndo pra mim, eu me lembro de como eu a colocava para ninar, eu me lembro de como eu a amava, todo o meu amor e sentimento vem a tona. MALDITA VAMPIRA DOS INFERNOS.
- você esta fadado a derrota papai, você vai morrer aqui e agora - ela simplesmente esta na minha frente, eu não sei quanto tempo eu fiquei em delírio, eu não consigo reagir, os meus nervos, estão a tona, minha garganta queima e eu sinto os caninos dela penetrando a minha pele, ela suga o meu sangue com um vigor que eu jamais imaginei, sinto o meu sangue jorrar aos borbotões, a minha visão embaça e simplesmente eu vejo o meu fim.
De repente eu a ouço gritar, sinto novamente o terror, so que desta vez é pior é como seu eu estivesse gritando também, eu a sinto morrer e sofrer. Eu abro os olhos, minha visão embaçada vê a minha filha com uma cara de espanto e eu ouça as suas ultimas palavras "ha papai, como é rubro a cor do nosso amor." E o monstro se desfaz em pó.

Acima de mim, com a minha faca, esta um outro monstro, um vampiro, sua faca cheia de sangue e ele diz:
- Você é um homem de sorte Paulo, hoje você vive. - Disse o vampiro e evanesceu em uma nuvem de fumaça.